Mittwoch, 9. November 2011

Turquia: ISTAssosMBUL - tempo intermédio

TURQUIA - Istambul: "snapshots" entre dois continentes


copyright © 2011 cristina dangerfield-vogt
Saímos de Ettiler, um bairro chique istambulense, a caminho da Ásia, sob um sol incandescente e um céu vestido de azul profundo. Um pouco mais adiante, esbarrámos num descomunal engarrafamento perto de uma das pontes que nos levaria ao lado asiático de Istambul. Há dois sistemas de pagamento automático de portagem: OGS (leitura óptica) e KGS (leitura de cartão), e ainda uma faixa de rodagem especial onde se paga em liras turcas - o todo, um teste de paciência.


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Durante a travessia do Bósforto, avistámos a Rumeli Hisari, que é uma fortaleza no lado europeu de Istambul construída pelos otomanos para apoiar estrategicamente a conquista de Constantinopla. Do outro lado do Bósforo, impõe-se na paisagem costeira a fortaleza de Anadolu, ou seja, a fortaleza da Ásia.

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Depois de termos vencido o colossal engarrafamento, típico desta metrópole com muitos milhões de habitantes, automóveis, turistas e muito cantos por descobrir e visitar, estávamos, finalmente, a caminho da Ásia,


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A Ponte de Fatih Sultan Mehmet sobre o Bósforo é uma das duas pontes que  liga a Europa e a Ásia em Istambul; uma terceira ponte, mais a norte, está em fase de planeamento, e a discussão sobre o seu impacto ambiental numa área verde tem gerado um conflito que bipolariza a sociedade istambulense.


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Esperar o dolmuş (expressão turca para taxi colectivo) é um teste à paciência dos istambulenses que perdem várias horas, diariamente, a viajar de e para o trabalho.



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Alguns aproveitam o tempo de espera com prendas domésticas.



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Num relance em rodagem, passam vassouras tradicionais...


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A economia paralela floresce para o conforto dos viajantes.

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Deparámos com mais um engarrafamento em Eski Hisar, onde se espera o "Feribot" que atravessa o Mar da Marmara, suavizado pelo bem-vindo grito dos vendedores de água fresca e simits estaladiços que nos fez salivar de antecipação.


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"smiciiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!" ou "soğuk suuuuuuuuu"


Outros vendedores circulavam equilibrando e apregoando as suas iguarias, lançando, humildes, olhares esperançados, tentando avaliar com dignidade de onde poderia vir o seu sustento.

Tudo correu num caos enganador, porque afinal, o que parecia vir a ser uma espera interminável, rapidamente se desenvolveu numa organizada e rápida partida dos automóveis e autocarros estacionados em filas ordenadas, entremeadas por passageiros correndo a pé, cada um acenado com gestos rápidos para o lugar que lhe era designado, sem atropelos, pelos trabalhadores da companhia, que numa dança evocadora dos dervixes, apontavam com uma mão o feribot devido enquanto com a outra mantinham contacto  radiofónico com os colegas.

Ouvia-se muito a língua árabe e os turcos observavam com curiosidade típica e descontraída, estranhando as turistas do médio oriente que embora vestidas de preto dos pés à cabeça exibiam unhas pintadas de cores vivas, e que com as famílias lhes invadem o país e gastam os petro-dólares.

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O feribot  prosseguiu no seu rumo, deixando para trás um mar enfeitado pelo rasto da espuma branca num compasso de taque taque, taque taque - tinido pelo afagar da ondulação deixada pelos outros barcos que nos cruzavam mais rápidos ou cortando águas noutras direcções.




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Um baque súbito acordou-nos daquela travessia sonhadora. Terminada a atracagem rápida seguimos viagem pelo lado asiático até  Assos, ou seja Berhamkale, na pensínsula de Çanakkale.


Herkese iyi yolculuk - Boa viagem a todos!

fotografias e textos com copyright © 2011 de Cristina Dangerfield-Vogt

Escrevi o livro "Um Ano em Telavive" de Cristina Vogt-da Silva, que é o meu pseudónimo.

Freitag, 2. September 2011

Turquia: Istassosmbul - Istambul I

Aterrámos no aeroporto de Ata Türk, depois de sobrevoarmos uma imensidão de água azul enfeitada por barquinhos que das alturas pareciam de papel. Tudo decorreu quase como é habitual, salvo que, desta vez, no aeroporto as filas para os vistos e para carimbar os passaportes estavam a transbordar. Via-se muitas abayas e hijabs, jellabiyas e kafiyes, e ouvia-se muitos dialectos do árabe; destacavam-se os árabes mais modernos e vestidos como os ocidentais, que riam felizes por estarem de férias e que faziam chalaças com os conterrâneos que tentavam furar as filas de espera. Famílias inteiras arrastando muitos filhos agarrados aos seus entes mais queridos, os seus brinquedos, chuchas, almofadas e trapos confortantes e, ainda outros, que insistiam em jogar futebol ou gritar no meio do aeroporto. Ouvia-se uma babel de línguas como se o mundo inteiro tivesse decidido viajar para Istambul no mesmo dia. Os turistas do Norte esperavam pacientemente, incomodados pelo temperamento mais comunicativo dos vizinhos do sul e pela espera que, apesar de todos os guichets estarem abertos, se aproximava - longa!

E lá seguimos os passos habituais; apesar do stress evidente, os funcionários funcionavam impassíveis, sorrindo um hoş geldiniz, bem vindos,  no momento certo; recuperadas as malas sem problemas, apanhámos um táxi para o işkele, o cais, de Bakırköy, onde iríamos apanhar o vapur para Bostancı, no lado asiático. O taxista era amável e muito conversador, o que deu logo para refrescarmos os nossos conhecimentos da língua, mesmo antes de interiorizarmos que, finalmente, tínhamos voltado ao nosso país favorito. Mostrou a sua surpresa com o nosso multiculturalismo, porque eu falava português com o meu filho que me respondia em alemão e, por vezes, em inglês e falávamos o turco com ele....çok güzel, disse ele, gentil, mas sabemos que não é bem assim, porque durante um ano o nosso turco andou um pouco esquecido.

No cais de Bakırköy comprámos o jeton para passar o girador de entrada e pouco tempo depois chegou o deniz otobusu, ou seja, o cacilheiro. Sentámo-nos à janela para apreciar aquela panorâmica, que conhecemos e vivenciamos todos os anos desde 1998, sem nunca nos cansarmos dela. Aquela elevação histórica onde se avista a Aia Sofia, a Mesquita do Sultão Ahmed e os minaretes das outras mesquitas, e a muralha antiga da cidade que nos fogem ritmados à medida que navegamos em direcção ao lado asiático. A viagem é rápida, e torneamos seguramente os paquetes e os petroleiros internacionais que fazem o seu caminho do Mar Negro para o Mar da Marmara e que seguirão viagem pelo Dardanelos até ao Mediterrâneo, ou em rota contrária, e que esperam, pacientemente, a hora de atravessar o estreito; ao longe avistamos o histórico edifício do cais de Bostancı escrito em caligrafia otomana e onde nos esperam os nossos amigos.


copyright © 2011 cristina vogt-da silva (pseudónimo de cristina dangerfield-vogt)

Bostancı



Ao pôr-do-sol sentamo-nos numa das esplanadas à beira-mar em Bostancı e gozamos prazeres simples, como peixe no pão regado com água fria e saboreamos aquela esplendorosa paisagem muito movimentada.

copyright © 2011 cristina vogt-da silva (pseudónimo de cristina dangerfield-vogt)

copyright © 2011 cristina vogt-da silva (pseudónimo de cristina dangerfield-vogt)

Prinse Adalar

ao longe avista-se as Prinse Adalar, as ilhas dos príncipes, Buyük Ada e Kucük Ada, para onde os filhos do sultão, que não deveriam ascender ao trono, eram exilados, isto se tivessem sorte, porque frequentemente eram assassinados pelos seus rivais ou familiares destes. São umas ilhas lindas, onde não é permitida a circulação automóvel e se anda de charrete e de bicicleta, e onde vivem, ou têm as suas casas de férias, os istambulenses muıto privilegiados. As "villas" parecem encantadas e ter saltado de um passado "fitzgeraldiano".

À noite, vamos até Harem, perto da Kız Kulesi, ou seja a torre da donzela. Uns rapazes em fıla, lado a lado como no Zorba, agarram-se pelos ombros e de peitos inchados e vozes felizes fazem o halay çekmek e o kolbaştı oynamak, ou seja, em português: dançam e cantam uma moda do Mar Negro.

Os vendedores ambulantes passam com os seus carrinhos exuberantes de perfumes apetitosos e soltam os pregões elogiosos do mısır, milho assado, do balık ekmeği, peixe no pão, çekirdek, midiye dolmasi, das ameijoas recheadas fresquinhas.

Rapazes e raparigas jovens, muitas delas com o véu islâmico colorido passam de braço dado, conversando. Todos passeiam a pé, de carro, de mota, galgam passeios, dão gargalhadas, cantam e dançam; o povo turco é jovem e alegre apesar do hüzün, uma mistura de nostalgia com melancolia, que pesa leve sobre a cidade.

Seguimos para Beyler.  Sentamo-nos numa esplanada escondida à beira do Bósforo, debaixo de uma árvore centenária, saboreando um çay profundo e admirando a primeira ponte do Bósforo iluminada e muito fluorescente. Ne güzel! - a vida é bela em Istambul!

O muezzin chama para o 5º vakti, a 5ª oração do dia; a sua voz envolve toda esta paisagem e nela se dissolve, integrante, lembrando-nos que tudo é obra de Allah.

No dia seguinte, vamos a Ortaköy, no lado europeu, o sítio "in" para a gente nova moderna, com muitos bares e restaurantes e com uma mesquita lindissima que não pudémos visitar porque estava em obras. O caos autmobilístico é total. Mas basta dar a chave a um dos "guardadores" de automóveis, que tratará o nosso automóvel como fazendo parte do seu rebanho, e nos devolverá, fielmente, a chave no fim do nosso passeio! E, juro, que foi mesmo assim. Isto é inimaginável na nossa Lisboa...

copyright © 2011 cristina vogt-da silva (pseudónimo de cristina dangerfield-vogt)

O meu filho escondeu-se com uns amigos num bar de narguilas, de onde nos acena da janela no alto de um edifício histórico, já envolvido no fumo que o reterá nas suas garras até nos revermos à noite e, sem dúvida, aparecerá com mais uma narguila na mão para completar a vasta colecção dele de narguilas sírias, palestinianas, egípcias e turcas...tem mentalidade de coleccionador!


copyright © 2011 cristina vogt-da silva (pseudónimo de cristina dangerfield-vogt)

televisão com, obviamente, colunáveis istanbullular!

copyright © 2011 cristina vogt-da silva (pseudónimo de cristina dangerfield-vogt)

um lugar romântico

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Preparação para o concerto da noite

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Vista da Esplanada: de refresco e palhinha na mão!


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Recuperado o automóvel, continuamos pela estrada costeira até Bebek - um bairro nobre da cidade, situado à beira do Bósforo. Típico da zona, para além dos yachts, são as casas de madeira otomanas yalılar, restauradas nos últimos anos.

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Voltámos para o lado asiático pela ponte Fatih Sultan Mehmed e testámos a nossa paciência e amor por esta cidade num dos habituais engarrafamentos descomunais; enfim, Istambul tem, oficialmente, 17 milhões de habitantes, que se deslocam todos os dias pela enorme metrópole entre o Ocidente e o Oriente. Virámos logo na primeira estrada à direita, e a alguns kilómetros de distância, acabámos num pequeno paraíso, em Beykoz Kavacık, Güzelce, onde nos restabelecemos do stress da travessia do Bósforo.



copyright © 2011 cristina vogt-da silva (pseudónimo de cristina dangerfield-vogt)

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Recomendo a vista e as iguarias!

Affiyet olsun


copyright © 2011 do texto e fotografias Cristina Vogt-da Silva (pseudónimo de Cristina Dangerfield-Vogt)

tambem escrevo nos blogs: