Mittwoch, 15. Februar 2012

Turquia: Büyük Husun, uma aldeia turca

Dünyanın en güzel ülkeri - Türkiye - yaşasın!


©2010 Sultan Ahmed Cami - Istambul



© 2010 Cabeça da Medusa na Cisterna, Istambul



© 2010 Vista Panorâmica para o  Mar Egeu, como pano de fundo a ilha de Lesbos, do alto de Berhamkale



© 2010 Berhamkale



© 2010 Karlos Yerinde, ao fundo a ilha de Lesbos



© 2010 Mar Egeu no meu Paraíso sobre a Terra

Verão 2010 - Telavive - Istambul - Assos -

A saída do aeroporto de Ben Gurion, Telavive, foi complicada e desagradável. As tropas de elite israelitas tinham abordado um navio turco com activistas que rumavam na direcção de Gaza.  Nos incidentes que se seguiram nessa operação, foram mortos 10 turcos que se encontravam a bordo. As relações entre os dois países vinham a esfriar há algum tempo deste a Guerra de Gaza em finais de 2009 princípios de 2010, a que se juntaram incidentes diplomáticos e retirada do embaixador turco, e por fim este último episódio, que acabou por pôr "on-ice" as relações entre a Turquia e Israel.

Encontravámo-nos "delegados" em Telavive por motivos de trabalho, mas não prescindíamos de forma alguma de passar as férias do verão no nosso país preferido. Os israelitas prosseguiam uma campanha de dissuasão dos seus cidadãos visitarem a Turquia, incentivando o boicote às viagens para Istambul, Izmir, Antália... E aqueles que, mesmo sendo estrangeiros, viajassem para aquele país, eram vistos como "traidores" no aeroporto, nas empresas, na sociedade. "Não têm medo de ir para a Turquia?"- perguntava-me o meu cabeleireiro cujos pais tinham vindo de Marrocos para a "Terra que lhes foi prometida". Os palestinianos continuaram a viajar para a Turquia, também o país preferido deles, e nós também. Na sala de espera, nós e os palestinianos esperávamos para entrar para a manga - sorrindo-nos mutuamente um sorriso de compreensão! No avião da Türk Hava Yolları havia muitos lugares vagos.

E voámos por umas semanas para o nosso Paraíso sobre a Terra: uma praia, uma aldeia e umas ruínas helenísticas nas encostas das montanhas Kaz e que parecem correr e querer precipitar-se no mar Egeu cujo horizonte é delineado pelo perfil da ilha de Lesbos em contra-luz solar.

A umas braçadas da Europa, ainda não atingidos pelos requisitos da integração europeia, simultaneamente tão perto e tão longe, a vida por aqui ainda é natural, os frutos cheiram a pomar, as saladas são frescas e estaladiças e transportam em sim os sabores e os perfumes campestres. Neste canto do mundo, ainda longe dos (des)sabores e dissabores da agricultura genética, extensivamente praticada em Israel, o país dos milagres, segundo os seus habitantes, uns milagres que parecem perder o contacto com a natureza e a humanidade à medida que se multiplicam.

Quando se chega ao aeroporto internacional de Istambul, logo se respira outro ar, o clima é mais seco, as gentes mais calorosas. Mesmo os funcionários e polícias de fronteira sorriem umas boas-vindas simpáticas, o visto é dado com um sorriso apesar dos múltiplos vistos de entrada e de saída da Terra Santa, e da enorme "collage" que é o visto de residência israelita e que segura e rapidamente me devora as folhas livres de autorizações, entradas e saídas daquele país protegido por ferro e fogo do ferro e fogo. Ainda há tempo para nos informarem que já não há yeni turk lirasi, e que nos trocam logo ali o dinheiro antigo, se quisermos, pela nova moeda, a turk lirasi. Sorrimos, sorriem, agradecemos, sorriem, não tem de quê, sorrimos, sorriem um bom dia e uma boa estadia, sorrimos um “teshekur”, sorriem um não tem de quê.

Como ainda temos um dia pela frente antes de partir para o nosso pequeno paraíso perto de Tróia, apanhamos um táxi pedindo ao taxista que siga pela “sahil yolu”, a marginal istambulana, que por si só vale uma visita, e seguimos e subimos até ao centro e começamos a visita turística pela nossa já conhecida mesquita do Sultão Ahmed construída há alguns séculos atrás.

A seguir atravessamos a praça do corso limitada na sua extensão pelo obelisco egípcio e seguimos para a cisterna subterrânea, uma obra fantástica dos tempos de Bizâncio. A Medusa olha-nos ameaçadora de cabeça virada e persegue-nos com o olhar, mal de nós se por milagre ela nos olha nos olhos directamente e nos deixa petrificados.


Saímos ofuscados  pela luz do sol poente, olhamos a Aia Sofia, que foi construída como uma igreja, mais tarde transformada pelos otomanos numa mesquita e, actualmente, um museu testemunho da riqueza cultural do passado entrelaçado com o presente desta bela cidade.

Dirijimo-nos para o café guiados pelo perfume adoçicado dos narguilés, ou sisha como é conhecido  este prazer muito oriental e relaxante na Europa, onde nos sentamos a desfrutar da vista fabulosa para a mais bela mesquita do mundo. Temos a sorte de ouvir o muezzin, o okuyan ezan, que lê e canta os louvores a Allah e nos relembra que a vida não é só uma "rat race" dominada por interesses monetários.

Allâhü ekber Allâhü ekber Allâhü ekber Allâhü ekber Eşhedü en lâ ilâhe illallah Eşhedü en lâ ilâhe illallah Eşhedü enne Muhammeden Resûlullah Eşhedü enne Muhammeden Resûlullah Hayye ale's-salâh Hayye ale's-salâh Hayye ale'l-felâh Hayye ale'l-felâh Allâhü ekber Allâhü ekber Lâ ilâhe illallâh

A voz do muezzin da mesquita do sultão Ahmed eleva-nos às alturas, a chamada dos fiéis continua numa sucessão de cânones clássicos, esvoaçando harmoniosamente em ritmo sagrado de minarete para minarete das mesquitas situadas  naquele centro histórico de Istambul.

A curiosidade dos turcos está muito longe do “cool” europeu. Os muitos habitantes da cidade que por aquela zona num domingo passeiam, não se atropelam  e têm tempo para perguntar aos estrangeiros que falam turco, o que sabemos ser uma raridade, de onde vêm, porque falamos turco, etc. É difícil não nos apaixonarmos por este país e pelas suas gentes que recebem o estrangeiro como um hóspede bem vindo na sua terra de abundância histórica, cultural e, contudo, generosa e sem soberba. Foram eles, os otomanos, que dominaram a Palestina durante vários séculos até os ingleses a terem tomado. Uma Palestina há vários séculos ocupada.

As minhas fotografias levantam apenas a ponta do véu que esconde a beleza oculta deste lindíssimo país...

hosça kal!