Donnerstag, 22. Mai 2014
Freitag, 7. März 2014
Sefarditas Salvos pelos Sultões Otomanos
copyright © Março de 2014 Cristina Dangerfield-Vogt
Istambul, esta cidade entre dois continentes, Europa e
Ásia, entre o Ocidente e o Oriente, vive desde há muitos séculos o
multiculturalismo e soube vivê-lo e aproveitá-lo naquilo que ele tem de melhor
- a tolerância e o enriquecimento dos povos que nesta cidade viveram e vivem
par a par um quotidiano nem sempre fácil de negociar, mas no todo, bem
sucedido. Tem sido porto de abrigo para muitos refugiados e perseguidos pela
intolerância religiosa, étnica, política, para aqueles que fogem das guerras,
recentemente da Síria, e outras catástrofes criadas pela humanidade.
Na
Turquia - Há um longa Tradição de Tolerância
Judeus salvos por
turcos no holocausto é uma história comovente mas que se situa num vasto leque
de muitas outras histórias de tolerância que caracterizam a história do povo
turco e otomano. (ver post anterior)
A tradição de dar
asilo e garantir refúgio aos Judeus perseguidos numa Europa intolerante teve
início no tempo dos sultões otomanos, quando os Reis Católicos de Espanha,
através do decreto de Alhambra, e, mais tarde, D. Manuel I de Portugal,
ordenaram a expulsão ou a conversão forçada dos Judeus ao catolicismo. A
carnificina que se lhe sucedeu levada a cabo pela "Santa" Inquisição,
como era designada, e os seus acólitos, de que se destaca o horrível
Torquemada, o inquisidor-mor espanhol, realizada ao longo de vários
séculos, resultou na fuga em massa dos judeus que conseguiram escapar
daqueles países. Muitos deles encontraram refúgio no Império Otomano.
O sultão otomano, Fatih Mehmed, que conquistou Constantinopla em 1453, chamou
os judeus da Europa para o império. Mais tarde o sultão Beyazit II terá
afirmado que o Rei Fernando de Espanha empobrecia o seu Reino para enriquecer o
Império Otomano. Esta frase, que ficou célebre, não se referiria às riquezas
materiais, mas sim à cultura e aos conhecimentos médicos, científicos, náuticos,
matemáticos, filosóficos, linguísticos, etc. que muitos destes judeus levaram
para o império otomano. Na corte otomana havia médicos judeus e alguns
sefarditas chegaram mesmo a ocupar cargos importantes na administração
otomana.
Um século mais tarde, um turista inglês que na altura visitara Istambul, terá
afirmado que a capital do Califado teria a maior concentração de judeus no
mundo, ou seja, cento e cinquenta mil, só em Istambul.
A convivência e a liberdade dos vários grupos étnico-religiosos só foi possível
sob um sistema de governação muito especial e que nessa altura era inexistente
na Europa.
O sistema otomano dos "millet" - melhor traduzido por nações, previa
um regime em que cada "millet" se auto governava: tinha os seus
tribunais próprios, em sede de direito da família e do direito civil,
liberdade de culto, os seus programas escolares próprios, a sua língua,
etc. O todo era coordenado pelo poder administrativo e instâncias
judiciais superiores do império otomano, baseado na Sharia. A segurança
do estado e a cobrança de impostos era da competência da adminstração otomana.
Contudo, havia isenção de alguns impostos para os "millet".Este
sistema foi um exemplo de pluralismo religioso pré-moderno.
Mesmo hoje, na Turquia moderna, e apesar de muitos sefarditas terem partido
para Israel, vários turcos de etnia judaica se destacam nas áreas das artes e
dos negócios. Izzet Pinto é sefardita, descendente de judeus portugueses, e é o
distribuidor de 'Muheteşem Yüzyıl' (Anos Magníficos - sobre Solimão, o
Magnífico, e o seu tempo) uma telenovela turca que tem sido um sucesso nacional
e internacional, com vendas para mais de 70 países, incluindo a China e a
Rússia, e vários milhões de espectadores. Um sucesso turco-sefardita já que o
distribuidor tem desempenhado um papel fundamental na divulgação internacional
deste "dizi", a palavra para telenovela em turco!
O pluriculturalismo-etnico-religioso na forma dos "Millets" foi uma
característica marcante do quotidiano no Império Otomano, tendo também muitos
judeus asquenazes fugido das perseguições do Leste da Europa procurado e
encontrado refúgio junto dos otomanos. Esta tradição de tolerância tem-se
mantido na Turquia moderna e Istambul continua a ser a cidade das várias
nações, embora menos acentuadamente do que em tempos idos por razões da sua
história do século passado. As tensões que tiveram origem na política dos
países ocidentais que pretendiam partilhar o território otomano entre eles,
resultaram na guerra da independência para defender o país. A perda do império,
que se desagregou e foi ocupado pelos aliados europeus, resultou num país
moderno, a Turquia. O xadrez colonial criado pelos aliados, que procuravam matérias-primas,
gerou efeitos desequilibrantes para a região que ainda hoje se fazem
sentir. Ata Türk, o fundador da moderna Turquia, salvou o país, que se
considerava moribundo, de uma morte que parecia quase certa, e da partilha dos
despojos pelas potências europeias mais aguerridas. A ele se deve a Turquia
moderna.
O sultão otomano, Fatih Mehmed, que conquistou Constantinopla em 1453, chamou os judeus da Europa para o império. Mais tarde o sultão Beyazit II terá afirmado que o Rei Fernando de Espanha empobrecia o seu Reino para enriquecer o Império Otomano. Esta frase, que ficou célebre, não se referiria às riquezas materiais, mas sim à cultura e aos conhecimentos médicos, científicos, náuticos, matemáticos, filosóficos, linguísticos, etc. que muitos destes judeus levaram para o império otomano. Na corte otomana havia médicos judeus e alguns sefarditas chegaram mesmo a ocupar cargos importantes na administração otomana.
Um século mais tarde, um turista inglês que na altura visitara Istambul, terá afirmado que a capital do Califado teria a maior concentração de judeus no mundo, ou seja, cento e cinquenta mil, só em Istambul.
A convivência e a liberdade dos vários grupos étnico-religiosos só foi possível sob um sistema de governação muito especial e que nessa altura era inexistente na Europa.
O sistema otomano dos "millet" - melhor traduzido por nações, previa um regime em que cada "millet" se auto governava: tinha os seus tribunais próprios, em sede de direito da família e do direito civil, liberdade de culto, os seus programas escolares próprios, a sua língua, etc. O todo era coordenado pelo poder administrativo e instâncias judiciais superiores do império otomano, baseado na Sharia. A segurança do estado e a cobrança de impostos era da competência da adminstração otomana. Contudo, havia isenção de alguns impostos para os "millet".Este sistema foi um exemplo de pluralismo religioso pré-moderno.
Mesmo hoje, na Turquia moderna, e apesar de muitos sefarditas terem partido para Israel, vários turcos de etnia judaica se destacam nas áreas das artes e dos negócios. Izzet Pinto é sefardita, descendente de judeus portugueses, e é o distribuidor de 'Muheteşem Yüzyıl' (Anos Magníficos - sobre Solimão, o Magnífico, e o seu tempo) uma telenovela turca que tem sido um sucesso nacional e internacional, com vendas para mais de 70 países, incluindo a China e a Rússia, e vários milhões de espectadores. Um sucesso turco-sefardita já que o distribuidor tem desempenhado um papel fundamental na divulgação internacional deste "dizi", a palavra para telenovela em turco!
O pluriculturalismo-etnico-religioso na forma dos "Millets" foi uma característica marcante do quotidiano no Império Otomano, tendo também muitos judeus asquenazes fugido das perseguições do Leste da Europa procurado e encontrado refúgio junto dos otomanos. Esta tradição de tolerância tem-se mantido na Turquia moderna e Istambul continua a ser a cidade das várias nações, embora menos acentuadamente do que em tempos idos por razões da sua história do século passado. As tensões que tiveram origem na política dos países ocidentais que pretendiam partilhar o território otomano entre eles, resultaram na guerra da independência para defender o país. A perda do império, que se desagregou e foi ocupado pelos aliados europeus, resultou num país moderno, a Turquia. O xadrez colonial criado pelos aliados, que procuravam matérias-primas, gerou efeitos desequilibrantes para a região que ainda hoje se fazem sentir. Ata Türk, o fundador da moderna Turquia, salvou o país, que se considerava moribundo, de uma morte que parecia quase certa, e da partilha dos despojos pelas potências europeias mais aguerridas. A ele se deve a Turquia moderna.
copyright © Março 2014 Cristina Dangerfield-Vogt
Dienstag, 28. Januar 2014
A propósito do Dia Internacional do Holocausto
“Quem salva uma vida, salva o mundo”
Esta é uma frase comum ao Talmude e ao Alcorão
Começa assim o folheto de apresentação do filme "Passaporte Turco", do realizador Burak
Arliel, e que nos conta as histórias dos vários diplomatas turcos na Europa que, ao conferirem a
nacionalidade turca a muitos judeus europeus, os salvaram de uma morta certa; eles não foram mais um nome acrescentado à longa lista dos seis milhões de vítimas do holocausto
Doze combóios levaram estes judeus turcos para
Istambul e salvaram-lhes a vida. Entre eles, havia também judeus europeus sem qualquer
ligação à Turquia.
Diplomatas turcos deram passaportes turcos a
judeus que não eram turcos, salvando-lhes a vida durante a
segunda guerra mundial.
Em entrevistas com alguns dos judeus ainda vivos que assim foram
salvos, os diplomatas que os socorreram e o seus familiares,
ficou claro que quando se quer agir, se pode evitar o mal.
A Turquia e estes seus diplomatas merecem, sem dúvida, um
lugar de destaque entre aqueles que são honrados no Museu do Holocausto em Jerusalém pela sua ajuda ao povo judeu.
O filme "Passaporte Turco" lembra esta história - a história esquecida dos diplomatas
turcos estacionados em vários países europeus que salvaram muito judeus durante
a perseguição dos nacional-socialistas. Estas histórias de compaixão são ilustradas por entrevistas, excertos de arquivos e de filmes históricos.
“Turkish Passport” foi exibido pela primeira
vez em Cannes, em 18 de Maio 2011
O filme concorreu ao Festival Europeu de Filme
Independente na categoria de Documentário em 2012.
Este projecto de seis anos, revela um segredo bem guardado
durante 66 anos. O segredo sobre como cidadãos turcos salvaram centenas de judeus.
Righteous
among the Nations Honored by Yad Vashem
Ulkumen, Selahattin 1989
Até 1 de Janeiro de 2011
copyright © Berlim Janeiro 2014 de Cristina Dangerfield-Vogt
'No state involvement in film'
Unbeknownst to many, Turkish diplomats on duty around
Europe saved hundreds of Jews during World War II by giving them Turkish
passports, enabling them to travel to safety in Turkey . This little known episode
is told in an independent documentary entitled "Turkish Passport",
being promoted as finally revealing "a secret kept for 66 years".The film recounts
memories known mainly to 19 diplomats and the Jews they saved from German Nazi
death camps. It is based on testimonies by witnesses and their relatives.
"To remember and never to
forget," said Gunes Celikcan, 30, one of the producers, as he talked about
why the film was made.
"There is not much about what the
Turks did during that period of history," Celikcan told AFP, as Turkey remained
neutral during World War II.
He said the diplomats saved around 2,000
Jews from the Holocaust but the exact figure is unknown. "We wanted to
show this for the very first time and commemorate those diplomats," none
of whom survive today, he said. The docudrama directed by Burak Arliel was
first shown at the Cannes Film Festival in May. It has since been screened in Istanbul and other Turkish cities and made the rounds of
festivals in the US and Europe . And though the buzz is quiet, it's building – and
not all is favorable.
Celikcan said the film has
been six years in the making and "has nothing to do with the changing
political spectrum". But not all agree, including
former Israeli cultural attaché in Turkey Batya Keinan. "The Turkish press
office is using the movie for propaganda," Keinan said. "They are
trying to say 'we are good people who protected Jews in the Holocaust and
Palestinians now, and yet you shoot at us.' Shame on you." The comments
have angered the movie's backers. "This film is not propaganda. ... There
is no state involvement," said Asli Sena Genc, a representative for the Istanbul promoters.
"This is a historical fact." Celikcan said the Turkish foreign
ministry gave the filmmakers access to official archives, but ministry
officials told AFP the film was a private initiative and the ministry made no
official contribution. The docudrama recounts how the diplomats, including
ambassador to Vichy France Saffet Arikan, found a way out for Turkish and
foreign Jews, sending them to Istanbul
on 12 trains at different points during the war. Behic
Erkin , Turkey 's
ambassador to Paris from 1940-43, and Kudret
Erbey, consul-general in the German city of Hamburg from 1940-45, were also involved.
"Turkish diplomats did their best to save Jews amid the raging brutality
against Jews during World War II," said Naim Guleryuz, a historian and
onsultant on the film who heads a Turkish foundation that promotes the history
and culture of Turkish Jews. "This part of the story is actually known by
historians but we wanted to make it public knowledge through this
documentary," he said. Researchers went to the
United States , Israel , France
and Germany ,
tracking down survivors or their relatives, some of whose tales are told on the
film's official website. In one, Arlette Bules recalls when her father was
arrested by the Germans and sent to the internment camp of Drancy ,
outside Paris ."My
mother immediately went to the Turkish Embassy and asked for help rescuing my
father. Thanks to the letters written by the ambassador, my father was
rescued," she said. Celikcan recalls another testimony about a Jewish
father who called his two daughters to his deathbed after the war. "He
told them 'never forget that it was the Turks who saved us' and then died
making a military salute."
Written in January 2012
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