Dienstag, 30. Oktober 2012



in TRT English - 30th October 2012

Turkey's Prime Minister Erdoğan arrived today in Berlin and during his visit will inaugurate the new Turkish Embassy building in Tiergarten, which is considered to be the biggest of all Turkish embassies in the world.

"ERDOĞAN TO LEAVE FOR GERMANY TODAY

Turkish Prime Minister Recep Tayyip Erdoğan will depart for Germany on Tuesday.

Erdoğan to leave for Germany today
 
Posted 30.10.2012 07:40:39 UTC
Updated 30.10.2012 09:18:34 UTC
Within the framework of a two-day visit to Germany, Premier Erdoğan will visit Berlin today and attend inauguration ceremony of the new Turkish Embassy building in that city.
Turkish Foreign Minister Ahmet Davutoglu and his German counter part Guido Westerwelle will also be present at the opening ceremony of the new Embassy building in Berlin.
Erdoğan then will deliver a speech at the Institute of Berlin.
On Wednesday, Mr. Erdoğan will meet German Chancellor Angela Merkel.
Syrian crisis is expected to be taken up by the duo during their meeting in the German capital.
Hence, problems of Turkish citizens living in Germany as well as the process for Turkey's bid for the European Union membership will also be discussed at the planned meeting."


in Haaretz 30th October 2012
Turkey's Berlin embassy moves back into its WWII home

Recep Tayyip Erdogan is scheduled for a 2-day visit in Germany, where he will also meet Angela Merkel to discuss the civil war in Syria.


epa03451253 An exterior view of the new Turkish Embassy in Berlin, Germany, 29 October 2012. The new building of Turkey's representation in Germany will be officially opened by Turkish Premier Erdogan on 30 October 2012.  EPA/MICHAEL KAPPELER
epa03451253 An exterior view of the new Turkish Embassy in Berlin, Germany, 29 October 2012. The new building of Turkey's representation in Germany will be officially opened by Turkish Premier Erdogan on 30 October 2012. EPA/MICHAEL KAPPELER
Prime Minister Recep Tayyip Erdogan was to inaugurate a new Turkish embassy in Berlin on Tuesday, with the grandiose building underlining
his nation's ambition to become a member of the European Union.
The mission, Turkey's largest abroad, has been erected in the German capital's upscale Tiergarten embassy district, on the site where a Turkish
embassy stood until Allied bombardment late in World War II left much of the city in rubble.
The 30-million-euro (39-million-dollar) building, entered through a 16-metre-high copper-lined archway, is located between the missions of
South Africa and Italy.
Erdogan was to wrap up his visit to Berlin on Wednesday, when he meets Chancellor Angela Merkel to discuss the conflict in Syria. More than
100,000 Syrians have sought refuge in Turkey.
Some 2.5 million people living in Germany have ethnic Turkish roots. The two nations have close trade ties.
The embassy building is divided into two parts: the so-called "palace," which contains reception areas and the ambassador's office; and the
"city," which contains office space for 100 staff.
Between them is an atrium named after the Bosporus, the waterway separating the European and Asian parts of Turkey.
Thomas Hillig, one of the three architects, said the modern lines and grandeur of the building were an expression of Turkey's desire to join the
European Union, adding, "Turkey wants to show itself as a modern, open nation."
Turkish ornamentation on the building includes the national logo and more subtle features such as a traditional Islamic pattern known as girih
interlacing, which is engraved on the window glass.
"It's meant to look Turkish and not be just a faceless block," Hillig said.
Tiergarten was picked as the city's embassy neighborhood under the Nazis, when the architect Albert Speer was commissioned to remake the
city and the Axis allies Italy and Japan built their embassies there.


Sonntag, 12. August 2012

Turquia: Ramadão 2011 e 2012



  © 2012 Berhamkale - Assos


Estamos no Ramadão, Ramazan (tr) Ramadan (ar). Ou seja, o período de jejum e oração para os muçulmanos, interrompido pela Iftar, que é a refeição tomada depois de o sol se pôr, após o Muezzin ter chamado os fiéis para a 4ª oração do dia. Em alguns lugares da Turquia, soam os tambores que anunciam o fim do jejum ao cair da noite. Por volta das três horas da manhã, o Muezzin acorda os crentes com uma melodia lindissima, a ilahi, da qual existem várias versões; antes de se dar novamente início ao jejum do dia com o nascer do sol, é tomada a refeição da madrugada - a Suhar. Pouco depois, o Muezzin chama para a 1ª oração do dia, o 1º vakit, dos 5 Vakti, os cinco tempos de oração ao longo do dia. Inicia-se o jejum do dia. Muitos se perguntam o significado deste jejum. Foi neste período que Allah, que é apenas a palavra árabe para Deus, tal como em inglês se diz God e em francês Dieu, começou a revelar a mensagem do Alcorão a Maomé e é precisamente esta Revelação que se comemora durante o Ramadão. Este mês é ainda um período de reflexão sobre vários aspectos religiosos e sobre a vida que vivemos durante a passagem terrena. O jejum, que implica não comer nem beber nem fumar durante o dia, inter alia, serve para lembrar, sentindo na própria pele, o que, porventura, sentem os desprovidos, famintos e sedentos; é também um mandamento ou pilar do islão fazer caridade aos pobres, especialmente nesta altura do ano. As crianças, os doentes, as grávidas, os viajantes estão dispensados de jejuar, embora, no fundo, cada um possa decidir por si próprio se irá ou não jejuar, já que cada um é responsável por si e por escolher o relacionamento com Allah que lhe está mais perto do coração. É também possível oferecer um certo valor em dinheiro pelos dias de jejum não cumpridos, o que pode ser decidido por consulta a um imam, e essa importância será canalizada para caridade. Claro que, no Islão, há muitas vertentes, tal como no Cristianismo e no Judaísmo, e haverá uma variedade significativa de interpretações possíveis sobre este e outros assuntos religiosos conforme o islão em que se nasceu ou se escolheu praticar. A consulta dos Hadith, ou seja os comentários dos exegetas do Alcorão, pode ser preciosa em questões de interpretação.



© 2012 Sultan Ahmed Istambul


© 2012 Sultan Ahmed Istambul

São várias as iguarias típicas desta época e as donas de casa, e também os cozinheiros, excedem-se nos seus dotes culinários para quebrar o jejum depois do pôr-do-sol. Durante o Ramadão, as famílias visitam-se muito e praticamente todos os dias há convidados nas famílias turcas. A azáfama do Ramadão é indescritível. O dia passa-se em preparações para a Iftar e nas orações. Em muitas aldeias turcas não se trabalha porque é difícil jejuar, mas nem todos jejuam, nem todos deixam de trabalhar. Aproxima-se o fim deste período muito importante no calendário muçulmano e a época festiva que se segue é o Şeker Bayram (tr),  o Festival do Açúcar,  ou o Eid al Fitre (ar), isto é, a grande celebração que assinala o fim de Ramadão e que é celebrada por todos, tenham ou não cumprido o jejum. Os não-muçulmanos também são convidados para a Iftar e para as celebrações do fim do Ramadão, mostrando os turcos a sua atitude de tolerância centenária e, sobretudo, a sua enorme hospitalidade. Assim como no Natal se deseja um Santo Natal aos cristãos, aos muçulmanos deseja-se Ramazan Mübarek olsun ou Hayırlı Ramazan (tr), Ramadan Mubârak (ar). Findo o Ramadão, é de tradição desejar aos familiares, amigos ou mesmo estranhos as Boas ou Santas Festas: Iyi Bayramlar (tr), ou Eid Mubârak ou Eid Saíd (ar) pessoalmente, ou por cartão ou postais com os motivos festivos da época.

É tempo de celebração, de amizade e de solidariedade com os mais desfavorecidos e de não esquecer de dizer àqueles de quem se gosta e se ama, que gostamos deles e os amamos.

O DIB, entidade religiosa estatal turca, e outras organizações, preparam banquetes públicos na rua para quebrar o jejum à noite, como por exemplo, nas imediações da mesquita de Sultan Ahmed, que fica no centro monumental de Istambul. No fim do Ramadão, muitos partem para umas merecidas férias. Neste ano de 2012 no corso de Istambul há um mercado com casinhas onde se pode comprar artesanato e artefactos tradicionais turcos aberto à noite. As ruas estão cheias de gentes de todas as idades e de todas as nações que passeiam pelo centro histórico de Istambul numa atmosfera intensa de festa. A lua cheia espreita por detrás de uma das torres da Mesquita Azul e os fiéis e os turistas entram e saem de uma das mais bonitas e emblemáticas desta metrópole.

Conhecer as festividades das outras religiões aproxima-nos das pessoas com crenças e culturas diferentes das nossas e afasta-nos dos profetas da desgraça que apostam numa interpretação negativa e nefasta da Humanidade, insistindo na faceta do conflito das civilizações. O desconhecimento do outro promove a xenofobia, enquanto o conhecimento das outras culturas nos aproxima uns dos outros! Na realidade, temos muito mais em comum do que aquilo que nos afasta e, no caso das três religiões abraâmicas, até temos o mesmo patriarca, ou seja Abraão...

Por isso não se esqueçam de dizer aos vizinhos ou amigos muçulmanos nos próximos dias: Ramazan Berekt Olsun ou Ramadan Mubarek e no fim deste período de reflexão -  Iyi Bayramlar ou Eid Mubârak ou Eid Saíd!...







E, a propósito festas e culinária, deixo uma sugestão de çorba, ou seja, sopa em turco, que adoro, e até as há, instantâneas:



© 2011  Pacote da Maggi sobre um mapa de Istambul no cruzamento entre a Europa e a Ásia


o seu ingrediente principal é a Tarhana que é feita com farinha, yogurte, salça - molho de tomate turco, pimento vermelho, cebola, sal e fermento.

Em muitas aldeias prepara-se a Tarhana a partir destes ingredientes que são amassados até obter uma massa uniforme, que se põe a secar ao sol até ficar em pó; isto é um método de preservação natural que permite saborear esta sopa deliciosa mesmo no inverno.

Aqui vai a foto de uma das fases de preparação da Tarhana Çorbası numa aldeia turca



© 2011  Turquia: Preparação da massa de Tarhana na açoteia de uma casa de aldeia

e para abrir o apetite para as celebrações, aqui vão algumas fotos para espreitar e antever os sabores da culinária turca



© 2011  ciğ boreği e biber dolması






© 2011

 




 © 2011 yoğurtlu semizotu


e, para terminar, uma foto do 3º lugar mais sagrado para o Islão, e ainda o lugar santissimo do Cristianismo e do Judaísmo, tirada no bairro árabe de Jerusalém antiga durante o Ramadão. De notar que a uns metros à frente há uma das estações do calvário de Jesus, logo seguida de mesquitas e do complexo austríaco católico - uma rua ecuménica no bairro árabe de Jerusalém, que é árabe: muçulmano e cristão. Por esta mesma rua, passam rápidos os ultra-ortodoxos judeus em correria entre o Muro das Lamentações e o Bairro ultra-ortodoxo de MeaShearim, situado fora das muralhas, e também os muçulmanos que, nesta altura do ano, visitam o recinto da mesquita Al Aksa e da Cúpula da Rocha onde o patriarca Abraão esteve disposto a sacrificar um dos seus filhos, se Deus, Allah, não tivesse interferido noutro sentido. As ruas estão iluminadas durante todo o período do Ramadão e as ruas cheias de famílias árabes numerosas que passeiam em trajes de festa depois da Iftar - passar por lá nesta altura especial do ano, é uma experiência fantástica e inesquecível e, assim, aqui fica uma pequena memória fotográfica.

 

© 2011  Jerusalém ou Al Kuds - a Sagrada, durante o Ramadão


Desejo a todos:

Ramazan mubarek olsun (tr)

Ramadan Mubarak (ar)

e a partir do dia 20 de Agosto, data em que termina o Ramadão de 2012

İyi Bayramlar (tr)

Eid mubârak e Eid Saíd (ar)


Para quem gosta de música, deixo um exemplo das canções Ilahi

http://www.youtube.com/watch?v=uClz3vSDCQk


copyright © 2011  do texto e de todas as fotos de Cristina Dangerfield-Vogt, com actualização de 12.08.2012

Mittwoch, 9. Mai 2012

Turquia: em Lisboa





http://www.youtube.com/watch?v=XDhcjuH835Y&feature=youtu.be

de Başar DiKiCi-Dağlar ile taşlar ile-NEY



O Ney é um instrumento de sopro feito de cana e muito especial no Médio Oriente e, particularmente, na Anatólia, na Turquia; é um instrumento milenar que se vê nas pinturas egípcias; foram encontrados neys em escavações arqueológicas em Ur, no Iraque, o que indica que o Ney é tocado há já 4 ou 5 mil anos; quando alguém deixa o nosso mundo e parte para o outro, o da luminosidade, sopra-se o ney para dar asas ao espírito e recita-se versos em persa e em árabe. Note-se que se diz, soprar o ney, e não, tocar! 

O Ney é o instrumento por excelência dos sufis, das ordens de mevlevi, utilizado nas suas cerimónias religiosas - Sêma. A sua música é como o vento que sopra pelos canaviais, ora acariciante, ora agreste, por vezes sussurrante outras voluntarioso, e que nos canta as melodias sopradas e modificadas pelas fissuras e buraquinhos resultantes da erosão natural e do passar do tempo. A sua música é um lamento de saudade pelo Criador.

Na Turquia, o Ney tem sete buracos: seis na frente e um no verso. A sobreposição dos dedos nestas aberturas e a forma de soprar modifica os sons que formam as melodias.

Ele foi arrancado da mãe terra, cortado dos canaviais e por isso se lamenta,

nas palavras do poeta e filósofo Jalal Al-Din Al-Rumi no "Mathwani," escritas há  uns 700 anos

" Oiçam nos lamentos do Ney
as suas estórias sobre a separação,
"Desde que me arrancaram ao canavial,
 homens e mulheres fazem ouvir os seus queixumes
em uníssono com os meus,
mas eu quero um coração que esteja destroçado,
destroçado pela separação,
para eu poder explicar o meu anseio,
de regresso à minha fonte"


tradução livre do inglês

Espero ter-lhes suscitado o interesse por este maravilhoso e espiritual instrumento.

p.s. O Ney esteve em Lisboa e vai voltar pela mão da Associação de Amizade Luso-Turca.




copyright © 2011 cristina dangerfield-vogt


Mittwoch, 15. Februar 2012

Turquia: Büyük Husun, uma aldeia turca

Dünyanın en güzel ülkeri - Türkiye - yaşasın!


©2010 Sultan Ahmed Cami - Istambul



© 2010 Cabeça da Medusa na Cisterna, Istambul



© 2010 Vista Panorâmica para o  Mar Egeu, como pano de fundo a ilha de Lesbos, do alto de Berhamkale



© 2010 Berhamkale



© 2010 Karlos Yerinde, ao fundo a ilha de Lesbos



© 2010 Mar Egeu no meu Paraíso sobre a Terra

Verão 2010 - Telavive - Istambul - Assos -

A saída do aeroporto de Ben Gurion, Telavive, foi complicada e desagradável. As tropas de elite israelitas tinham abordado um navio turco com activistas que rumavam na direcção de Gaza.  Nos incidentes que se seguiram nessa operação, foram mortos 10 turcos que se encontravam a bordo. As relações entre os dois países vinham a esfriar há algum tempo deste a Guerra de Gaza em finais de 2009 princípios de 2010, a que se juntaram incidentes diplomáticos e retirada do embaixador turco, e por fim este último episódio, que acabou por pôr "on-ice" as relações entre a Turquia e Israel.

Encontravámo-nos "delegados" em Telavive por motivos de trabalho, mas não prescindíamos de forma alguma de passar as férias do verão no nosso país preferido. Os israelitas prosseguiam uma campanha de dissuasão dos seus cidadãos visitarem a Turquia, incentivando o boicote às viagens para Istambul, Izmir, Antália... E aqueles que, mesmo sendo estrangeiros, viajassem para aquele país, eram vistos como "traidores" no aeroporto, nas empresas, na sociedade. "Não têm medo de ir para a Turquia?"- perguntava-me o meu cabeleireiro cujos pais tinham vindo de Marrocos para a "Terra que lhes foi prometida". Os palestinianos continuaram a viajar para a Turquia, também o país preferido deles, e nós também. Na sala de espera, nós e os palestinianos esperávamos para entrar para a manga - sorrindo-nos mutuamente um sorriso de compreensão! No avião da Türk Hava Yolları havia muitos lugares vagos.

E voámos por umas semanas para o nosso Paraíso sobre a Terra: uma praia, uma aldeia e umas ruínas helenísticas nas encostas das montanhas Kaz e que parecem correr e querer precipitar-se no mar Egeu cujo horizonte é delineado pelo perfil da ilha de Lesbos em contra-luz solar.

A umas braçadas da Europa, ainda não atingidos pelos requisitos da integração europeia, simultaneamente tão perto e tão longe, a vida por aqui ainda é natural, os frutos cheiram a pomar, as saladas são frescas e estaladiças e transportam em sim os sabores e os perfumes campestres. Neste canto do mundo, ainda longe dos (des)sabores e dissabores da agricultura genética, extensivamente praticada em Israel, o país dos milagres, segundo os seus habitantes, uns milagres que parecem perder o contacto com a natureza e a humanidade à medida que se multiplicam.

Quando se chega ao aeroporto internacional de Istambul, logo se respira outro ar, o clima é mais seco, as gentes mais calorosas. Mesmo os funcionários e polícias de fronteira sorriem umas boas-vindas simpáticas, o visto é dado com um sorriso apesar dos múltiplos vistos de entrada e de saída da Terra Santa, e da enorme "collage" que é o visto de residência israelita e que segura e rapidamente me devora as folhas livres de autorizações, entradas e saídas daquele país protegido por ferro e fogo do ferro e fogo. Ainda há tempo para nos informarem que já não há yeni turk lirasi, e que nos trocam logo ali o dinheiro antigo, se quisermos, pela nova moeda, a turk lirasi. Sorrimos, sorriem, agradecemos, sorriem, não tem de quê, sorrimos, sorriem um bom dia e uma boa estadia, sorrimos um “teshekur”, sorriem um não tem de quê.

Como ainda temos um dia pela frente antes de partir para o nosso pequeno paraíso perto de Tróia, apanhamos um táxi pedindo ao taxista que siga pela “sahil yolu”, a marginal istambulana, que por si só vale uma visita, e seguimos e subimos até ao centro e começamos a visita turística pela nossa já conhecida mesquita do Sultão Ahmed construída há alguns séculos atrás.

A seguir atravessamos a praça do corso limitada na sua extensão pelo obelisco egípcio e seguimos para a cisterna subterrânea, uma obra fantástica dos tempos de Bizâncio. A Medusa olha-nos ameaçadora de cabeça virada e persegue-nos com o olhar, mal de nós se por milagre ela nos olha nos olhos directamente e nos deixa petrificados.


Saímos ofuscados  pela luz do sol poente, olhamos a Aia Sofia, que foi construída como uma igreja, mais tarde transformada pelos otomanos numa mesquita e, actualmente, um museu testemunho da riqueza cultural do passado entrelaçado com o presente desta bela cidade.

Dirijimo-nos para o café guiados pelo perfume adoçicado dos narguilés, ou sisha como é conhecido  este prazer muito oriental e relaxante na Europa, onde nos sentamos a desfrutar da vista fabulosa para a mais bela mesquita do mundo. Temos a sorte de ouvir o muezzin, o okuyan ezan, que lê e canta os louvores a Allah e nos relembra que a vida não é só uma "rat race" dominada por interesses monetários.

Allâhü ekber Allâhü ekber Allâhü ekber Allâhü ekber Eşhedü en lâ ilâhe illallah Eşhedü en lâ ilâhe illallah Eşhedü enne Muhammeden Resûlullah Eşhedü enne Muhammeden Resûlullah Hayye ale's-salâh Hayye ale's-salâh Hayye ale'l-felâh Hayye ale'l-felâh Allâhü ekber Allâhü ekber Lâ ilâhe illallâh

A voz do muezzin da mesquita do sultão Ahmed eleva-nos às alturas, a chamada dos fiéis continua numa sucessão de cânones clássicos, esvoaçando harmoniosamente em ritmo sagrado de minarete para minarete das mesquitas situadas  naquele centro histórico de Istambul.

A curiosidade dos turcos está muito longe do “cool” europeu. Os muitos habitantes da cidade que por aquela zona num domingo passeiam, não se atropelam  e têm tempo para perguntar aos estrangeiros que falam turco, o que sabemos ser uma raridade, de onde vêm, porque falamos turco, etc. É difícil não nos apaixonarmos por este país e pelas suas gentes que recebem o estrangeiro como um hóspede bem vindo na sua terra de abundância histórica, cultural e, contudo, generosa e sem soberba. Foram eles, os otomanos, que dominaram a Palestina durante vários séculos até os ingleses a terem tomado. Uma Palestina há vários séculos ocupada.

As minhas fotografias levantam apenas a ponta do véu que esconde a beleza oculta deste lindíssimo país...

hosça kal!